segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Saga Musical.

Se há algo na minha vida que me faz sentido é a música. A sua presença permeia cada momento e para mim se torna tão fascinante pelo fato de ser algo infinito, algo de possibilidades infindáveis. É uma dessas ciências que quando começa a ser descoberta, se torna viciante e prazeirosa.
Comecei a aprender música cedo. Quando criança, passava os finais de tarde ouvindo meu avô, Seu Enéas, tocando seu clarinete. Aquilo era mágico. Hipnotizante. Eu poderia conseguir o mesmo e ele começou a me ensinar música. Ah, nada de instrumento. Só aulas de solfejo! Hoje acho bem útil e bacana, mas quando criança isso parece aula de matemática da escola. E não deixava de ser. A música é uma das ciências mais matemáticas que eu conheço. Tempos, divisões, compassos, tons, semitons, matemática pura. Acho que por isso não dei muita importância, mas foi importante. Comecei então a aprender violão. Eu queria mesmo era uma guitarra, mas pra começar ta bom, né. Comprava revistinhas, decorava os acordes e queria tocar como o Mark Knopfler, Eric Clapton e não poderia deixar de faltar o Slash. Até que aprendi direitinho mas confesso que conheço uns mil bem mais talentosos que eu.
Até que um dia, estava trabalhando numa agência de propaganda conheci um radialista, o William, que me perguntou se eu conhecia um baixista para tocar numa banda de samba-pagode-axé-outros. Nessa hora fui tomado pela insanidade e me candidatei ao cargo. Só um detalhe: nunca tinha pego num contra-baixo em toda a minha vida. Só quando fui pra casa é que me bateu o desespero: Como farei para aprender a tocar num contra-baixo em uma semana e após isso tocar num show na festa da padroeira de Cabo Frio com todos da cidade assistindo? Engoli seco mas vi que tinha uma solução: Um amigo tinha um contra-baixo e talvez pudesse me emprestar. E emprestou. Passei uma semana inteira (Inteira quer dizer de 8 da manhã as 2 da madruga, todos os dias) arrebentando meus dedos, decorando músicas, eticetera e tal. Sexta à noite, ensaio. Sábado à noite, show na praça. Depois do show da praça, imediatamente para uma casa noturna tocar até as 5 da matina. Ufa, sofri. Mas me proporcionou um prazer indescritível. Daí foram inúmeras casas noturnas, inúmeras viagens, inúmeras biritas de graça, inúmeras horas debaixo de sol e de chuva, até que, virou obrigação, ficou sem graça pra cacete. Não era mais prazer. Era cumprir tabela. Aí, tão de repente quanto começou, terminou. Não foi só por isso não, mas foi um dos motivos para eu abandonar a vida de músico, mas não a música. Essa sim, é uma paixão sem fim.

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